Na pauta da semana da mulher assisti a um documentário muito bacana que passou na GNT. Achei interessante algo dito ali que realmente fez muito sentido pra mim depois que me tornei mãe. O movimento feminista, ao lutar por direitos iguais entre homens e mulheres, foi essencial para nossa evolução hoje, mas só pecou ao ter esquecido que mulheres se tornam mães, e que essas mães têm uma ligação inexplicável com suas proles, uma ligação que pais, por mais participativos que sejam, não conseguem sentir (a preocupação, a culpa, aquela dorzinha no peito quando se afasta do filhote...).
O fato é que o movimento minimizou a situação ao dizer que era normal a mulher deixar o bebezinho numa creche e trabalhar o dia inteiro como um homem, pai de família fazia. O fato é que não se levou em conta o verdadeiro peso que é para a maioria das mães deixar seus bebês em creches integrais, sabendo que grande parte da evolução desse neném será vista por estranhos e não por ela... O primeiro passo, a primeira palavra... e sabe mais o quê.
Mas o fato, na real, é que homens são homens. E mulheres são mulheres. E que cabe a elas, somente a elas, o ato de gestar um bebê por 9 meses, amamentar, ficar alerta pela ocitocina pra qualquer movimento daquele neném...
No documentário, uma jornalista americana famosa contou seu drama quando voltou a trabalhar. Seu filho tinha uns 9 meses, se não me engano, e ela tinha que fazer uma viagem para a África, fazer uma reportagem. Ela conta que quando entrou no avião teve um surto. Chorou sem parar e pensou: não está certo isso que estou fazendo.
É, mulher que vira mãe passa a sentir essa coisa estranha mesmo. Essa ligação forte. Eu quando não era mãe JAMAIS imaginava que o sentimento pelo filho fosse tão absurdo, tão surreal. Mas é coisa de outro mundo mesmo. O tal amor incondicional. (Eu sempre disse e até hoje digo, mulher que vira mãe fica doida. Eu realmente acho isso. Tenho um monte de amigas assim... rsrs... e vocês sabem que penso isso mesmo... eu tento ficar me regulando pra não ser tão neurótica, tão apegada. Acho que minha cabeça ajuda um pouco, mas quis escrever esse assunto aqui exatamente porque eu não tinha noção de como era difícil essa parada da mulher voltar a trabalhar. Felizmente, trabalho para pessoas com cabeças modernas, que entendem que não é necessário o funcionário estar ali todo santo dia, fisicamente sentado numa mesa, se tem a internet, WhatsApp, telefone e tudo o mais que for necessário para se comunicar e conseguir trabalhar de casa. Lógico que nem todas as profissões permitem isso.)
É óbvio que a mulher já provou que é capaz de ser competente tanto ou até mais que os homens (na minha opinião muitaaaasss vezes rsrs.. a mulherada arrebenta). Mas mulher não é homem. Os homens têm características importantes e que em determinados trabalhos são melhores, assim como nós somos melhores em outros... e há aqueles em que o gênero é indiferente, a maioria, na verdade.
De repente parei pra pensar que foi uma maravilha a licença maternidade de 6 meses, mas realmente quando refletimos mais a fundo vemos que é preciso mais do que isso. E digo isso não só pelas mães, mas pelos filhos, principalmente. Pela formação dessas pessoinhas ai que estamos colocando no mundo e deixando que outros eduquem. Por isso defendo que mulher que tem filhos pequenos possa ter o direito de trabalhar meio período. - Mas isso é absurdo! Mulher não quer ser igual a homem? Quem vai querer contratar mulher se for assim? Podem dizer alguns, ou muitos. Mas afinal, a mulher não enfrenta uma outra jornada ao chegar em casa, é ou não é? É justo socialmente a sobrecarga que a mulher carrega nesses tempos modernos? Essa jornada dupla ou tripla? No documentário mulheres falavam que quando voltavam para casa da empresa sentiam que o trabalho não tinha acabado.. E se sentiam cansadas... era a hora do filho ali, depois que ele dormia era a hora da casa.. ou era a hora de atenção para o marido... e a hora da mulher? Cadê?
Eu já cansei de ler matérias e ver exemplos de mães que ficam fora o dia inteiro, a criança fica na creche, quando chega a noite dá piti, faz coisas erradas, e os pais não corrigem porque se sentem culpados: - poxa, ficamos o dia todo fora, e quando estamos com nosso filho nesse tempinho vamos brigar com ele?... faz sentido, mas a situação é bem complexa, porque não há educação real que não venha da família.
E eu me preocupo com esses indivíduos, com essas criaturas que vão crescer, tomar forma, cara, personalidade e um belo dia vão dizer, tchau, tô saindo... e os pais, mães, vão ficar ali.. com aquele sentimento só pra eles, sabendo que essas pessoinhas não imaginam o que uma mãe (ou pai, vai...) é capaz de sentir até se torne um também. É por isso que precisamos ter a mente aberta e refletir, perceber que essa discussão vai muito além do direito feminino, ela é uma discussão social, de homem, de mulher, de pais, mães, empregadores, empregados, jovens... É preciso perceber e pensar na juventude que queremos para o amanhã, nos seres humanos que têm se formado fruto desse modelo atual de creche full time aos 3 meses ou 6 meses de idade...
PS.: Difícil o assunto, não é? Escolhi o título dessa postagem para chamar a atenção mesmo. E antes que alguém diga que sou contra o feminismo, não sou. Aliás, muitos por ai me chamam de feminista... Prefiro não ser rotulada. Quero deixar claro que amo de paixão trabalhar. Sinto-me muito feliz em realizar algum trabalho, seja no jornalismo ou no design de interiores, e não teria o altruísmo de abrir mão totalmente da minha vida profissional para criar, exclusivamente, meu filho. Realmente não acho que isso é preciso. Defendo o meio termo. Nem só o trabalho. Nem só mãe. Sou mãe, mulher, profissional. Sou tudo junto. Não acho que preciso abrir mão de nada.. é só ajeitarem as coisas de forma JUSTA (nada de job o dia inteiro pelo amorrrr) e somos capazes de tudo. Sempre somos.. Mas é claro, também não acho correto quem crucifica uma mulher que abra mão da vida profissional totalmente ou durante alguns anos para se dedicar aos filhos.. aliás, acho lindo! Só não sou capaz.